Segundo Tyrone Hayes, não há ambiente livre de atrazine. Há até uma norma da Agência de Proteção Ambiental norte-americana que estabelece como parâmetro mínimo permitido a presença de três partes de atrazine por bilhão (3 ppb) na água potável. A equipe de Hayes notou que doses menores que 0,1 ppb já afetaram os anfíbios. À medida que iam aumentando a dose, pelo menos 20% dos sapos expostos no início de sua formação produziram múltiplos órgãos, em alguns casos feminino e masculino ao mesmo tempo.
Os pesquisadores concluíram que a presença de atrazine na organismo dos sapos fizeram com que suas células produzissem uma enzima chamada aromatase, presente também nos vertebrados e responsável pela conversão do hormônio masculino testosterona em estrogênio, hormônio feminino. Os efeitos notados nos sapos ocorreram num nível de exposição 600 vezes menor do que a dose que, normalmente, induz a produção de aromatase nas células humanas.
Hayes não afirmou se o atrazine seria uma ameaça ao homem, quando entrevistado sobre seu trabalho, publicado 3ª feira na revista Proceedings of the Nacional Academy of Science. "Não estou dizendo que o atrazine é seguro para o homem. Não estou dizendo que é perigoso para o homem. Tudo o que estou dizendo é que o atrazine faz com que os sapos fiquem hermafroditas", enfatizou.
Outro pesquisador norte-americano disse, comentando o estudo da equipe de Hayes, que é o mais importante trabalho científico na área de toxicologia ambiental das últimas décadas. Esse mesmo cientista não soube dizer se as pessoas precisavam ficar alertas, quanto às conclusões do estudo, mas citou um hábito de mineiros norte-americanos, para dar uma idéia do que o estudo pode representar. Para entrar nas galerias, de onde extraem o minério, é comum os mineiros levarem canários para alertá-los da presença de gases perigosos. Como são pássaros extremamente sensíveis, morrem antes que a concentração dos gases seja letal para o homem.
Os pesquisadores da Universidade da Califórnia descobriram também que os sapos machos expostos ao atrazine, logo após de atingirem a maturidade, tiveram uma redução de testosterona aos níveis equivalentes aqueles encontrados nas fêmeas.
(Radiobras)
AmbienteBrasil, 24/04/2002 às 10:45:53
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